Este trabalho visa mostrar
a relação que tem a Ética ou Filosofia
Moral com o Espiritismo ou Filosofia
Espírita, levando-se em conta o significado e a importância que têm no agir
(praxis) ou no comportamento humano
na sua acepção moral. O Espiritismo possui objeto específico, o espírito, ser
imaterial da criação ou “o princípio inteligente do universo” provando, de
maneira irrecusável e patente: a existência da alma; sua sobrevivência ao corpo
físico; sua individualidade após a morte; sua imortalidade; as penas e
recompensas futuras; o princípio da causalidade; revisando e propondo novos
conceitos, enriquecendo o espiritualismo com a teoria da migração das almas e
da comunicação entre os espíritos, bem como, tirando o véu do hermetismo e da
dúvida sobre a reencarnação, além de nos brindar com suas propostas ético-morais
(veja Kardec em O que é o Espiritismo).
A Ética estuda a
conduta moral do homem ou do indivíduo concreto na sociedade, fenômeno
específico que decorre da sua convivência entre os semelhantes. Assim,
conceituemos a Ética como o faz Vásquez
(Adolfo Sánchez, Ética, 1995): “É a
teoria ou a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade,” ficando aí
definido que o objeto de estudo da Ética é a moral ou, mais exatamente, a
moralidade positiva. A palavra ética vem de “ethikos” em grego, que quer dizer
costume e, a palavra moral deriva da língua latina, “mos, moris” que tem o
mesmo significado. A Moral tendeu progressivamente a refluir e privilegiar a
subjetividade do agir individual (praxis individual) e, a Ética viu ampliar-se
o seu significado para a intersubjetividade humana, ou capacidade de inter-relacionar-se
com o seu semelhante, abrangendo a realidade histórica e social dos costumes
(praxis social).
Desse
modo, embora com o mesmo significado, entende-se que a moral não é ciência,
ficando a Ética como a teoria ou ciência dos costumes ou de como os homens agem
na sociedade em que vivem, ou seja, “analisa o conjunto de normas que orientam
o comportamento humano tendo como base os valores próprios a uma dada sociedade” (veja Gilberto Cotrim no livro:
Fundamentos da Filosofia, 2004),
ou ainda, “analisa o conjunto de regras que determinam o comportamento dos
indivíduos no grupo social”, definido como moral. Em resumo, a Ética é a teoria
da moral ou dos costumes (veja Maria
Lúcia de Arruda Aranha, e Maria
Helena Pires Martins: Filosofando - Introdução à Filosofia 1998).
A Doutrina Espírita ou
Espiritismo, ou ainda, Filosofia Espírita, “é uma ciência que trata da natureza,
origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”. Preconiza a existência de Deus, “a
inteligência suprema e a causa primeira de todas as coisas”, - Consciência
Cósmica responsável pela criação e manutenção do Universo, - e a existência do
Espírito como princípio ou o ser inteligente da obra da Criação (Kardec). É doutrina filosófica,
científica e de conseqüências morais, renovadora de valores, consciências e
corações que recalcitram nas trevas, contribuindo para melhorar as condições
vivenciais humanas.
Os
homens são espíritos ou almas encarnadas, o resultado da interação ou da
interligação da individualização do princípio inteligente (o espírito, corpo
imaterial) e a individualização do princípio material (o corpo físico ou
somático) que coloca o espírito em relação com o mundo das formas. Como
assevera Alonso: “A união da matéria
prima ou corpo material transitório, com a alma imortal e independente da
matéria, onde se abrigam a inteligência e a moralidade, formando o composto
humano, é tão forte e conjunta que constitui o homem uno” (veja Félix Ruiz Alonso, no livro: Fronteiras da Ética, cap. 2).
O
elo ou o laço que une o corpo físico ao espírito é denominado perispírito ou
corpo psicossomático, - de natureza semimaterial - fluídico, do próprio espírito, sendo que desta união e de
suas relações com os semelhantes resultam os fenômenos morais, racionais. De modo que, o ser humano pode estar
encarnado, ou desencarnado quando o princípio inteligente (o espírito) está separado
do princípio material (o corpo físico), ou no momento em que aquele se separa
deste, ou quando este se corrompe. Mas, deixa-se claro que o princípio inteligente
preexiste, antecede à matéria e é indestrutível, ou seja, não morre.
Os
seres humanos são, pois, a população de espíritos em experiência no vaso carnal
e de espíritos destituído deste, que estabelecem relações em mútua convivência,
de acordo com os princípios de conduta moral - ato voluntário e livre - que
norteiam as suas ações. É sabido que em razão dessa convivência no âmbito
material e imaterial ocorrem as relações e influências de uns sobre os outros
no cotidiano da vida, origem dos fenômenos morais.
Assim,
a ética é referida para denotar “o estudo teórico dos padrões de julgamentos
morais, inerentes às decisões de cunho moral”, decorrentes da convivência entre
indivíduos concretos na visão materialista, vez que ela tem por objeto o
comportamento destas criaturas no interior de cada sociedade.
Nesta
visão, a Ética estuda o relacionamento moral dos encarnados, como vimos. Porém,
e vez que não dita normas, “a sua reflexão não pretende converter estes agentes
em indivíduos éticos, mas pode instrumentá-los para que decidam agir e
comportar-se de acordo com o que a sociedade espera deles”, como acentua Nalini (José Renato no livro: Ética Geral e
Profissional, 2004). Ocorre que os encarnados são também espíritos tendo
experiência na carne, como vimos acima, buscando destituir-se dos seus defeitos
e vícios, resgatando débitos presentes e passados, objetivando evoluir. A
Doutrina Espírita, como uma doutrina moral, busca modificar e melhorar o
relacionamento e a convivência dos encarnados, mas também entre os desencarnados
(ou energéticos) e entre os desencarnados e encarnados, doutrinando-os,
evangelizando-os, tendo por base os ensinamentos morais do Mestre Jesus.
Nesse
passo, a Doutrina Espírita induz e reforça a tendência que temos para realizar
o bem e a verdade, para que os seres humanos ajam sempre de acordo com a
moralidade positiva, sadia. Mas é a ética que faz o julgamento se a ação humana
é boa ou má, certa ou errada, justa ou injusta, se é permitida ou proibida, a
partir das relações que os espíritos estabelecem entre si. Ou seja, o
Espiritismo fornece as regras pelas quais se devem conduzir os seres humanos
(por exemplo: “Ama o próximo como a ti mesmo”), e a Ética avalia e julga,
através da consciência moral, ou juízo interior, a qualidade do agir destes
seres no âmbito da sociedade a partir dos ensinamentos contidos no Evangelho de
Cristo, de outras doutrinas religiosas ou de nenhuma delas. Importa observar
que estas ciências são abrangentes por alcançar o universo humano, encarnado e
desencarnado, vez que todos somos espíritos.
*Alfer Sant é pseudônimo usado pelo autor do texto que é mestre em economia, advogado, professor universitário e doutrinador espírita há mais de 40 anos.
LEIA AQUI: O ESPIRITISMO E A ÉTICA - PARTE II
O ESPIRITISMO E A ÉTICA - FINAL
LEIA AQUI: O ESPIRITISMO E A ÉTICA - PARTE II
O ESPIRITISMO E A ÉTICA - FINAL
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Simone.
ResponderExcluirBom passar por aqui e fazer uma visita, beber do conhecimento contido nesse texto acima, que nos coloca numa posição igualitária do ponto de vista do criador, mas diferentes do ponto de vista da evolução do espírito individual.
Bom também rever os amigos nessa oportunidade, e reiterar a falta que sinto do convivio não só seu mas dos demais amigos da secretaria.
Espero em breve fazer uma visita e lembanças a todos os queridos amigos.
Anailton.
Olá Anailton,
ResponderExcluirÉ sempre uma alegria receber a sua visita aqui no Toque do Anjo. Pois é amigo, cada um de nós está em um grau evolutivo da espiritualidade, porém depois de diversas idas e vindas, quiçá um dia, chegaremos todos ao mesmo patamar.
Darei as suas lembranças aos colegas e apareça por lá mesmo.
Beijos na alma,