Por Alfer Sant
Muitos autores encarnados e desencarnados já definiram a obsessão, do ponto de vista espírita, como uma das maiores pragas que assolam a humanidade. As vítimas espirituais das nossas ações negativa em vidas pretéritas, ou mesmo em vida presente, que buscam hoje a reparação dos seus sofrimentos, recebem a alcunha de obsessores ou espíritos malignos. É uma luta renhida que travam nossas almas, vítimas e algozes ferrenhos, estejam encarnadas ou não, decorrentes sempre de nossas falhas ou imperfeições morais mais severas e até de pequenos defeitos de personalidade que podem causar mágoa ou ofensa a um indivíduo (certa vez um espírito queixou-se: ...”ele me humilhou e agora me pagará”!...).
“A obsessão se configura toda vez que alguém, encarnado ou desencarnado, exerce sobre outrem constrição mental negativa - por um motivo qualquer - através de simples sugestão, indução ou coação, com o objetivo de domínio, no plano físico ou espiritual” (Schubert, Suely Caldas-Obsessão /Desobsessão: Profilaxia e terapêutica espírita, 11ª ed. Federação Espírita Brasileira, 1981).
“A obsessão, essa incoercível constrição psíquica exercida pelos espíritos infelizes sobre a criatura humana, nunca é demais afirmá-lo, constitui lamentável processo epidêmico, que se alastra na terra” (Miranda, Manoel P.-Terapêutica de Emergência, diversos espíritos, 2ª ed. p. 159).
O mestre lionês, Allan Kardec (veja, por exemplo, o Evangelho Segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos), já havia chamado a atenção para esse flagelo infelicitante, asseverando que “a obsessão é a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo”. Em sua maioria, são espíritos vingativos alimentados pelo ódio e o rancor do seu algoz em vida transata, ou atual, enquistando-se na aura dos respectivos encarnados devedores levando-os ao ridículo, a doenças diversas, entre estas à loucura e, até a morte do corpo físico ou desencarne.
A obsessão é uma doença espiritual ainda desconhecida até por muitas cabeças pensantes dos meios culturais. É epidêmica, silenciosa, traiçoeira e sorrateira, sem sintomas aparentes, mas que subjuga, maltrata e mata sem que se dêem conta das suas causas. Do ponto de vista espiritual, diríamos que todos somos obsidiados para o bem ou para o mal, uma vez que somos influenciados e até dirigidos por espíritos (Kardec), além de trazermos conosco, ao reencarnar, as culpas do passado delituoso pelo mau uso do nosso livre arbítrio, tornando-nos hospedeiros involuntários de espíritos malfeitores e/ou vingativos, nossas vítimas de outrora que nos arrastam para os escombros das suas dores e sofrimentos, por razões várias, que não suportam e, por isso mesmo, desejam vingar-se e não querem ver felizes seus algozes de ontem ou de hoje.
A desobsessão é um processo de desconstrução da obsessão ou desfazimento de um processo obsessivo, via conversão moral de um - ou mais de um - espírito obsessor, ou do mal, para o caminho do bem, assegurando a libertação e a paz para ele e sua vítima. É prática terapêutica costumeira utilizada nos Templos Espíritas, “trabalho que só o Espiritismo pode oferecer à Humanidade” (Schubert, obra citada), assumindo importante relevância no mundo dos encarnados quanto no dos encarnados.
Aporta nesses templos grande número de encarnados obsidiados por espíritos malfeitores, ignorantes e/ou infelizes que lhes infernizam a vida nos seus mais variados aspectos: nas relações familiares e com os amigos, nas finanças, no trabalho, nas doenças de todas as espécies, entre estas a loucura, causando dor e sofrimentos ao indivíduo ou até em parentes próximos.
Muitos encarnados viciados no consumo do álcool, tabaco e outros entorpecentes, também são vítimas fáceis de espíritos contumazes no mal que ainda precisam dessas energias mais densas e, muitas das vezes, são estes os principais responsáveis pela viciação daqueles indivíduos, fazendo-os seus hospedeiros involuntários, como dissemos acima, vampirizando-os por largo tempo até que se dêem conta, procurem e achem auxílio.
Constatam-se, ainda, grande número de desencarnados que vão por espontânea vontade ou são levados por espíritos colaboradores aos hospitais espirituais (reuniões de desobsessão) para obterem amparo e auxilio na resolução dos seus mais variados problemas, como doenças várias, vícios, deformações e mutilações perispirituais, etc. Um exemplo de espontânea vontade foi o caso do meu caseiro que depois de desencarnado, vítima de um aneurisma, incorporou-se no médium numa das reuniões de desobsessão, realizada na Casa da Fraternidade, (Boca do Rio, Salvador/BA.), queixando-se de muitas dores no baço, no fígado e nos rins. O fato é que, quando encarnado, bebia muito e isso repercutiu negativamente no seu perispírito, levando-o agora a procurar auxílio. Ele informou que nos seguiu durante dois meses, porque “eu sabia que o senhor freqüentava esses lugares” (sic) e, é claro, nós tivemos a inolvidável e grata satisfação em atendê-lo e em auxiliá-lo, com a necessária e imprescindível intervenção, ajuda e proteção dos valorosos mentores espirituais daquele pronto-socorro de espíritos sofredores.
Todavia, todos estes agentes do mal não estão abandonados pela misericórdia de Deus (Schubert, obra citada) e, assim, é no templo espírita, lar de solidariedade humana (Emmanuel), que é propiciada a retomada ou reinicio das suas caminhadas evolutivas e onde também se propiciam as suas recuperações e curas e a dos nossos outros irmãos obsidiados por eles.
Em muitos casos, espíritos obsessores são doutrinados no plano espiritual em que se encontram – a grande maioria, nós diríamos - por espíritos mais evoluídos e afeitos a este tipo de trabalho, de modo a dissuadi-los dos seus planos de vingança e de assédio a encarnado ou a desencarnado, desde que estejam receptivos.
Na desconstrução dos processos obsessivos, além da evangelização do espírito malfeitor e/ou ignorante e do obsidiado, no sentido de moralizá-los e orientá-los, fazendo-os rever os seus pensamentos, palavras e atitudes que não estão conformes com as leis divinas, não se pode esquecer a sempre necessária terapêutica médica convencional quando a obsessão já tenha causado danos ao corpo somático do encarnado.
Para aqueles que não estão familiarizados com as terapias que normalmente são utilizados nos templos espíritas para a desconstrução ou desfazimento de processos obsessivos diversos é que resumimos, a seguir, alguns dos principais recursos terapêuticos disponíveis específicos para o tratamento profilático e de cura espiritual de indivíduos já vitimados ou não pela obsessão (veja o livro Compreendendo a Dor Humana/(editor)Sociedade de Divulgação Espírita Auta de Souza.—Editora Auta de Souza,2006.).
1) - Terapias preventivas (contra a obsessão espiritual): a) esclarecimento espírita; b) o Evangelho—livro do coração; c) transformação moral ou reforma íntima; d) a confiança em Deus e a prática do bem.
2) - Terapias específicas (quando a obsessão está instalada): a) o Culto do Evangelho no Lar; b) a prece—captação de energias inspiradoras; c) o diálogo esclarecedor; d) a água fluidificada—medicação do céu; e) o passe—transfusão de energias fisio-psíquicas ( estas duas últimas constituem os principais elementos da Fluidoterapia).
Não podemos esquecer que estas terapias utilizadas na desconstrução da obsessão devem estar amparadas e embasadas nos princípios do amor, do perdão, da fé, da caridade, da humildade e da fraternidade, entre outros expressivos ensinamentos doutrinários da Terceira Revelação, para que a luz penetre as trevas em que estão consorciados obsessores e obsedados. Estas virtudes, das quais não devemos nos descurar para a nossa reforma íntima, se constituem valores de higiene mental que se fazem necessárias, prementes e insubstituíveis para neutralizar os indesejáveis efeitos maléficos, resultantes do assédio dessas entidades trevosas.
Espíritos benfeitores estão sempre nos alertando e explicando a importância da desconstrução da obsessão para a humanidade, operada nesses hospitais espirituais, concitando-nos a trilhar a seara do crescimento interno ou do nosso apuro moral e a pratica do bem, como medida profilática contra os ataques das sombras. Do nosso humilde ponto de vista, podemos destacar como resultados relevantes do desfazimento dos processos obsessivos, entre outros:
A) O médium ao incorporar o obsessor, permite a este e ao doutrinador estabelecer um diálogo, nem sempre amigável, vez que o primeiro tem seus supostos motivos para constranger o seu algoz de ontem ou de hoje. Normalmente os motivos são a vingança, a atração por sintonia de desencarnado para encarnado, ou vice-versa, ou ainda, os devidos a trabalhos de magia negra, em que se utilizam “obsessores de aluguel”. No diálogo, o doutrinador inspirado e amparado por espíritos protetores, explicando-lhe a Doutrina do Mestre, pode levá-lo a desistir do seu tentame e até a perdoar o seu antigo algoz, propiciando a paz ou a cura para ambos, obsessor e obsidiado.
B) Este tipo de trabalho também permite que os espíritos mentores, coadjuvados por médios e doutrinadores, livrem muitos espíritos sofredores de suas mazelas, como no caso de tratamento de doenças espirituais várias, vícios de toda ordem e situações outras aflitivas que os infelicitam.
C) É de se ressaltar também que a desconstrução da obsessão, nos moldes espíritas, liberta grande número de encarnados infelizes, candidatos potenciais aos hospitais psiquiátricos no mundo, o que propicia uma diminuição dos gastos públicos e/ou privados diversos neste campo de tratamento convencional desses doentes da alma, no que diz respeito à construção, manutenção e funcionamento de hospitais psiquiátricos, ao invés de escolas e universidades ou melhora em outras áreas da saúde e, ainda, na fabricação, distribuição e consumo de drogas que só pioram a situação dos pacientes, quando não matam, porquanto inoperantes contra a obsessão.
D) É de se observar ainda que os desencarnados de hoje, serão os encarnados de amanhã. Nesse caso, os templos espíritas estão colaborando para a melhora da moralidade futura neste orbe terrestre, vez que esses espíritos das sombras, ali doutrinados, poderão agora receber melhores orientações dos técnicos do espaço e, ao reencarnar, no devido tempo, reconhecerão conceitos ensinados pelo Mestre dos Mestres, como o amor ao próximo, o perdão, a bondade, a caridade, a solidariedade e a fraternidade e outras virtudes que, internalizadas e praticadas, os levarão a trilhar o caminho do bem, reiniciando as suas caminhadas evolutivas, muitas vezes, há muito tempo interrompidas.
E) Benfeitores espirituais de hoje poderão também reencarnar amanhã, por razões evolutivas ou por missões especiais e, assim, encontrarão um ambiente mais propício para o desenvolvimento das suas atividades específicas que desempenharão com mais proficiência aqui no plano astral físico¹.
Ao que nos consta, é muito prazeroso e gratificante para esses nobres e valorosos benfeitores espirituais planejar, executar e controlar o processo de desconstrução da obsessão, levado a efeito nesses verdadeiros hospitais espirituais (e para nós outros, meros colaboradores), propiciando a recuperação e a cura de encarnados e desencarnados, encaminhando-os ao roteiro da verdade e da vida.
Aqui, humildemente, rendemos homenagens a esses espíritos (embora, sabemos, eles não precisam) pelo trabalho hercúleo e constante que realizam, expressando o nosso mais profundo respeito e gratidão, mais que merecidos, a esses seres iluminados que ensinam, aconselham, evangelizam, cuidam, curam e orientam-nos no caminho do bem. A esses verdadeiros discípulos do Médium de Deus, trabalhadores incansáveis da seara divina, agradecemos de coração pelos serviços prestados à humanidade, da qual fazemos parte, irmanados que estão na Fé e no Amor de Cristo, em busca da paz, da concórdia e, por conseguinte, da felicidade geral.
1 ) - Lembro-me que numa das reuniões de desobsessão recente, realizada na Casa da Fraternidade, Salvador/BA, um espírito nos informou que um casal, ali presente, teria um filho e que este reencarnaria com a missão especial de divulgar a Doutrina Espírita.
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